O Encontro de duas culturas no processo de colonização e aculturação do Indígena no Brasil: Uma breve análise

Índio Brasil

Resumo: O processo de colonização e aculturação do indígena. Objetivo deste Artigo é conhecer em síntese, como se desenvolveu o processo de colonização, tendo como base, a relação com os povos indígena no Brasil. Adotamos como metodologia, uma consulta bibliográfica nos textos dos Antropólogos: Darcy Ribeiro (1993), Os índios e a civilização: A integração das populações indígenas no Brasil moderno, Júlio Cesar Melatti (1994), Índio do Brasil e Manuela Carneiro da Cunha (2012), Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. Com base nesta bibliografia, esta análise, busca questionar a tese de que os índios foram “um obstáculo ao desenvolvimento, das frentes de expansões”, como era defendida nos discursos oficiais do governo. Analisamos ainda, o processo de aculturação das comunidades indígenas e a influência das instituições religiosas, católica, protestante, bem como os movimentos messiânicos, na Amazônia. Por que o indígena, era visto como um potencial inimigo e hostilizado como um obstáculo, aos projetos de desenvolvimento do poder econômico? As condições de penúria estão relacionadas às escolhas dos indígenas? Pensamento mítico, sobre o momento de escolha que teve o indígena, quando do encontro das duas culturas. A mídia eletrônica e em geral a imprensa escrita e falada, noticiam frequentemente, o conflito entre os povos indígenas e o poder econômico chancelado pelo Governo Federal. As construções de usinas hidrelétricas na Amazônia refletem, o quanto são indígenas são ignorados nesses processos.

Quando se dá o encontro entre duas sociedades cujas culturas são distintas é possível imaginar, que algumas dificuldades aconteçam nessa relação; uma vez que tudo é novo e estranho a ambas as partes. A primeira, dentre as tantas dificuldades, parece ser inicialmente a comunicação, uma vez que a língua falada por determinada sociedade civilizada, não é de conhecimento da outra sociedade não civilizada. A comunicação como tal é quem poderá determinar o êxito ou o fracasso entre tais processos socioculturais e ambientais, envolvendo uma relação entre duas sociedades.

Com o intuito de obter o mínimo de compreensão, da relação envolvendo duas sociedades distintas, com culturas e interesse distintos é que proponho analisar como se estabeleceu a relação, envolvendo o europeu colonizador, no caso brasileiro os Portugueses, com as sociedades tradicionais, convencionalmente denominados – povos indígenas. A metodologia adotada neste trabalho se constitui de uma consulta bibliográfica nos textos dos Antropólogos: Darcy Ribeiro (1993), Os índios e a civilização: A integração das populações indígenas no Brasil moderno, Júlio Cesar Melatti (1994), Índio do Brasil e Manuela Carneiro da Cunha (2012), Índios no Brasil: história, direitos e cidadania.

O trabalho está estruturado em quatro fases: A primeira é uma leitura do que propõe o texto de Júlio Cesar Melatti, em relação a origem do homem. A segunda, uma síntese do texto de Darcy Ribeiro, o qual revela as consequências das ações colonizadoras. A terceira, uma reflexão no texto de Manuela Carneiro da Cunha, a qual discute a história, o direito e cidadania. A quarta é as considerações finais. É oportuno lembrar que os autores analisaram as relações sociais entre o colonizador e o colonizado sob os diferentes aspectos e épocas, o que não os desqualificam, mas sim reitera que as ações do colonizador imposta ao colonizado, promoveu os mais variados tipos de comportamentos sociais, dentes as quais se estabeleceu a dúvida, de onde vieram os índios? Este é o título do capítulo I, quando Melatti busca uma explicação, visando sanar ou pelo menos apontar hipótese socialmente aceitável.

PRIMEIRA FASE

O autor apresenta inicialmente duas hipóteses, as quais ele denomina de: “As hipóteses ultrapassadas e as hipóteses mais recentes”. Nas “hipóteses ultrapassadas”, os índios derivam de etnias diversas. “Diferentes povos do Velho Mundo receberam delas a qualidade de ancestrais dos índios: os judeus, os fenícios, os cários, os tártaros ou mongóis e outros” (Melatti, 1994, p.6). “As hipóteses mais recentes”, o autor enfatiza ao afirmar: “o problema da origem do homem americano faz parte das preocupações dos Antropólogos físicos, dos arqueólogos, dos etnólogos, cada profissional enfrentando a questão com os elementos de sua especificidade” (Idem, p7).

A complexidade da investigação, reque o tralho interdisciplinar, surge então, o Antropólogo físico. O que difere o Antropólogo físico, dos demais Antropólogos? “O Antropólogo físico estuda os esqueletos dos índios antigos, sua distribuição geográfica e em níveis estratigráficos, bem como suas formas, para o que recorre ao auxilio do paleontólogo” (Idem). As hipóteses apresentadas pelo autor, por si só não são satisfatórias, uma vez que apresentam uma “diversidade das características biológicas das populações ameríndias” (p.8). O que essa “diversidade das características biológicas” pode influenciar no resultado da pesquisa? Em relação as “diversidades das características biológicas”, afirma o autor:

Algumas são consideradas como resultantes do fato dos indígenas americanos serem descendentes de populações extra-americana pertencente a grupos raciais diversos; outros são atribuídas à adaptação dos povoados do Novo Continente às condições ambientais de suas diversas regiões (Melatti, 1994, p.8).

Esta citação ainda não sugere e nem tampouco advoga favorável ou contrário as teorias em analise. Contudo, vigoram cinco teses atualmente, que transcrevo a seguir na íntegra. Segundo o autor “há um pequeno número de resultados sobre os quais a maioria está de acordo”:

  1. O homem não surgiu na América, veio de fora, sendo muito mais recente no Novo do que no Velho Mundo;
  2. A migração mais importante para o povoamento da América, mas não provavelmente a única, foi a de elementos asiáticos que vieram em levas sucessivas de Estreito de Bering;
  3. Os primeiros contingentes humanos chegaram à América na última idade glacial, denominada Wisconsin num período que se pode situar a quarenta mil anos passados;
  4. Os primeiros migrantes estavam no nível cultural de caçadores, não dispondo, então, de conhecimentos e técnicas de agricultura, já que, quando o homem chegou à América, o Velho Mundo não tinha passado do paleolítico Superior;
  5. Os últimos grupos migratórios formam os esquimós, que se radicaram na região mais setentrional do continente americano.

As teorias apresentadas linhas acima, não são elucidativas, apenas levantam hipóteses. Se para o homem civilizado mantém-se a incerteza quanto a origem dos índios. E quanto aos índios, existe dúvida, em relação a origem do homem civilizado? Nessa relação às dúvidas são recíprocas, segundo o autor. Se os homens brancos têm dúvida, quanto a origem dos índios, esses por sua vez desejam saber a origem dos brancos, “qual a origem dos civilizados brancos, os invasores de suas terras”. A resposta para tal pergunta não é uniforme “cada sociedade indígena tem uma resposta diferente” (p.15). Em relação a dúvidas a cerca do “homem branco civilizado”, os indígenas têm como explicação os “seus mitos” com os quais justificam “por que os indígenas se acham numa situação de subordinação, de povos dominados, perante os brancos” (P.16).

Para os índios, o homem branco são a “transformação” de índio em brancos e segundo o autor está relacionado a posição social que ocupa, “a posição da tribo perante o homem branco, que aparece como possuidor de coisas que os índios gostariam de ter, pois são coisas que fazem mais fácil a vidas do branco e que também lhe permite dominar os índios” (p.17). Sob a perspectiva indígena a dominação foi condicionada pelas escolhas que fizeram os índios.

SEGUNDA FASE

Nesta secção, iniciaremos apresentando a tradução de duas palavras, as quais foram inseridas, não ao acaso. São elas: Mediatizar e Impingir. As formas verbais, que Darcy Ribeiro, empregou em seu texto, tem sua devida importância; designar, os modos de agir do colonizador português, sobre os indígenas.  “Mediatizar”: Comunicação. Divulgar através dos meios de comunicação; disseminar ou divulgar; midiatizar (https://www.dicio.com.br/mediatizar).  “Impingir”: 1) Dar ou aplicar violentamente, 2) levar a acreditar, iludido, 3) obrigar a aceitar; empurrar. 4) fazer passar uma coisa por outra (Ferreira, 2000). De modo sutil, as formas verbais, demonstram o quanto intenso foi a maneira de o colonizador impor sua cultura. Essa imposição, o autor denominou de “processo de transfiguração étnica” (Ribeiro, 1993, p.373).

Nesse “processo” é segundo o autor, “como interagem as culturas tribais e a nacional, enquanto representações conceituais do e enquanto corpos de crenas e de valores que motivam a conduta”. É licito pensar que tanto o português, quanto o indígena têm conceitualmente sua conduta, modos de agir, crê e pensar, o qual se forma “corpos de crenças e de valores”. Mesmo sendo “relações essencialmente simbólicas”, o que se pode esperar como resultado envolvendo duas distintas culturas? “Jamais uma cultura indígena e a nacional se confrontaram – com suas qualidades culturais intrínsecas – como elementos livremente comparáveis”, se tais culturas não foram “confrontadas”, como afirma o autor. As relações passam a ser de formas unilaterais e verticais, uma vez que “os índios, compelidos a redefinir suas crenças”, sob o discurso ideológico (idem). E por ser uma relação unilateral, reforçam-se as teorias sob as quais, o colonizador impõe sua condição. É o que se evidencia, na tese das representações que o autor, afirma:

Essas diversas representações não se oferecem ao índio como alternativas racionais dentre as quais ele deve ou possa optar, mediante a crítica de suas concepções anteriores e a adoção da que lhe pareça mais acertada ou mais adequada (Ribeiro, 1993, p.374).

Como se desenvolveu essa relação envolvendo os corpos ideológicos, entre o colonizador e o indígena, no caso brasileiro? Os “corpos ideológicos” sob esta perspectiva são intrínsecos a cada individuo. E em relação ao indígena “é a cristalização de uma mentalidade, de uma consciência que se desenvolveu e se alterou condicionada por certas circunstancias peculiares e que só dentro desse contexto alcança significação”. Em que se beneficia o indígena nessa relação em que não dispõe de alternativas? Segundo o autor nessa relação, ela pode ser “autêntica ou espúria”. Diz ele: “será autêntica se atender a própria experiência grupal e se motivar o individuo de seus interesses”. E será “espúria, se for induzida de fora, pela interiorização de elementos da consciência do outro e, portanto, se operar não para servir ao grupo, mas para justificar a sua dependência”. Nessa relação o que se evidencia é uma imposição, cujo objetivo é reduzir o outro, no caso em analise, o indígena brasileiro. E que é reiterada pelo autor, quando denomina de “transição de uma mentalidade para outra”, ao afirmar que esta “mutação é intencionada pelos agentes da civilização para impor e perpetuar seu domínio sobre os índios”. Ao perceber essa transição e não havendo outra possibilidade, o indígena se permite a tal condição.

Para o autor, o índio que passa por tal “condição genérica de índio civilizado, a antiga consciência começa a ruir e a se decompor para dar lugar a uma nova forma que permanece sendo étnica, mas já corresponde, como mentalidade, à sua nova condição” (idem). Condição essa em que esta impregnada de “novos valores” e que o índio assimila, mas em sua essência não abandona sua indianidade. É o que sugere o autor, em sua afirmação, quando diz:

Colocado na sociedade nacional como um estamento dela diferenciado, o índio constrói a consciência desse estamento com os cimentos e tijolos da velha herança tribal e com os novos elementos apreendidos no convívio ou criados para exprimir a especificidade de sua experiência existencial. Essa consciência será crescentemente alienada, porque mesmo os conteúdos auto afirmativos já não a definem como uma etnia, mas já a figuram também como um estamento da sociedade nacional (idem, p374-375).

O processo de aculturação do indígena envolve a “apreensão de novos valores”. Mas não é apenas isso, há algo a mais, em que o autor convencionou de “crescente alienação”. Essa alienação produz no indígena uma mudança interior, que mesmo de diante dos conteúdos “autoafirmativos”, já não o define “como uma etnia, mas como sociedade nacional”. Essa é uma relação, em que reside o conflito, uma vez que o indígena se encontra diante de um conjunto de novos valores. E como afirma autor: “Nessas circunstancias, cada um dos corpos ideológicos apresentados ao índio é uma consciência do outro que minar a consciência do índio em suas bases de sustentação”. (P.375).

E nesse processo de aculturação do indígena, reside ainda, um forte “oposição” a certos conceitos. O autor aponta que o termo “caboclo” é aplicado “ao índio civilizado”. E até este o transfere “ao indígena tribal preso à sua cultura original e ainda não engajado no sistema econômico da região” (idem). Evidencia-se, portanto, segundo o autor “o transito da condição de indianidade à brasilidade” (p.386). Além das condições, apresentadas linhas outros fatores contribuem de forma decisiva para que aconteça esse “transito”, os quais são os “movimentos messiânicos”. Tais movimentos impõe ao indígena uma fé no sobrenatural, que “mobiliza grupos inteiros na esperança de construir misticamente seu mundo cultural”. E a razão dessa mobilização, segundo o autor se deu devido, as ações religiosas, aliada:

As condições de penúria e desorganização impostas pelo impacto da civilização e a expressão, através da conduta, de prescrições culturais próprias ou adotadas, geralmente insertas nas tradições mítico-religiosas que anunciavam a vinda de salvadores ou admitiam formas mística de acesso a um mundo melhor (idem).

Em busca do paraíso e procurando fugir de um mundo maligno, o autor sugere que desde o “Século XVI, grupos inteiros da tribo, levados ao desengano pelo impacto da civilização, se deslocam rumo ao mar, guiados por lideres religiosos que prometem conduzi-los vivos a terra sem males” (idem). O colonizador soube aproveitar da sua condição enquanto tal e percebendo o credito que adquiriam em tais comunidades, promovem uma mescla. O que segundo o autor, “uma vez mescladas, elas se confirmam e se revigoram”. E quando se revigoram, diz ele: “dão lugar a movimentos de caráter ambíguo, orientados tanto para a contra aculturação como para a integração”. A religião por vez consegue atingir o objetivo do colonizador, ao fazer sentir-se inseridos e “coparticipantes com os brancos”. Enquanto tal reproduzem as ações do colonizador, assim como sugere o autor, “já é como profetas de uma religião coparticipada com os brancos que esses messias indígenas aliciam crentes e os conduzem a ações desesperadas”. Apesar da aparente conversão, como agirão em momento de crise espiritual, como brancos ou como indígenas? Afirma o autor: “é como indígenas que reagem, movidos pelos conflitos gerados no processo de aculturação” (p.389). Sob esta perspectiva, o processo de aculturação promove uma mudança, apenas no aspecto social, jamais haverá mudança nos valores culturais e étnicos, por que essencialmente, a pessoa não muda. Embora as missões religiosas tenham atuado em um duplo plano – material e espiritual, como foi o caso específico dos salesiano, que o autor ao citar Herbert Baldus, 1962, 31//32, diz: “os salesianos procuram influenciar tanto na cultura material como na espiritual” (p.392).

O êxito ou fracasso dos movimentos messiânicos, em relação à aculturação dos povos indígenas, depende de como o indígena se vê inserido em tal e qual processo. E ainda, as estratégias de defesa elaboradas, não são as mesmas, cada comunidade tem sua percepção de luta por reconhecimento, afirma o autor que: “os índios reiteram esforços sempre baldados por se integrarem no mundo dos brancos e por serem reconhecidos como seus iguais”. Assim estabelece o conflito. Conflito esse, gestado na relação de convivência com o branco, quando “em seus esforços por viver a tradição religiosa da tribo, conciliando-a com o catolicismo e o protestantismo” (p.402).

Se por um lado, algumas comunidades indígenas lutam reiteradamente por serem inseridas no mundo dos brancos, por outro, demonstram o caso dos Xokleng, que ao se perceberem, como sugere o autor, que sofreram uma “desagregação cultural, os quais mediante tal percepção de que “já não são índio senão no sentido genérico, porque despojados de todo o seu patrimônio cultural primitivo tentam ser não índios”. Contudo, o mesmo não acontece coma comunidade Bororo, os quais resistem ao processo de aculturação, em preferencia ao “retorno às tradições tribais, ainda viável, por seu relativo isolamento” (p.406).

  O processo de aculturação a qual os indígenas estão condicionados, em si é conflitante; uma vez cada comunidade se percebe com possibilidade de inserção ou de exclusão, na relação ao colonizador versus “colonizando”, faço uso desse termo, por entender que o processo está em construção. Na sugestão do autor, “os dois grupos em confronto se comunicam e se isolam através do estabelecimento de um modus vivendi que, evitando o conflito aberto, permite a coexistência, mas também as distancias sociais e frustra a fusão de ambos” (p.428). Esse processo de aculturação, não confere ao indígena uma real possibilidade de inserção na sociedade nacional, na interpretação do autor, “ao termino de sua história aculturativa e apesar de todas as suas transfigurações étnicas, se vê diante de uma barreira construída dentro e fora dele que o condena a permanecer indígena”. Com razão, advoga o auto em prol de “uma mudança revolucionária na estrutura social”, que de certa forma possa minimizar os conflitos sociais estabelecidos, “erradicando desse modo as bases sociais da descriminação e do preconceito, possa transfigurar tanto aos brasileiros quanto aos índios” (p.429). Logo, pode-se inferir que, “descriminação e preconceitos”, segundo o autor estão alicerçados nas “bases sociais” da cultura brasileira.

TERCEIRA FASE

Ao iniciar o seu texto Manuela Carneiro da Cunha (2012), retomar o tema da origem do homem, em paralelo ao tema de Júlio Cesar Melatti (1994). Sem, contudo, contrapor a teoria Melatiana. A autora se debruça em sua analise em abordar sobre as origens, presença da história indígena, mortandade e cristandade, a América invadida, política indigenista, política indígena e os índios como agentes de sua história. Em breve considerações, a autora lembra que os navegadores não possuíam o exato conhecimento sobre as terras recém-descobertas. Diz ela, “ao chegarem às costas brasileiras, os navegadores pensaram que haviam atingido o paraíso terreal”. Destaca ainda, que aqueles navegadores exerceram uma função em que só Adão exercera que dar nomes aos lugares. A descoberta, a princípio já trazia consigo um problema a ser resolvido, “como enquadrar, por exemplo, essa parcela da humanidade, deixada por tanto tempo à margem da Boa Nova, na história geral do gênero humano”? (Cunha, 2012, p.8-9).

Em relação a origem do homem afirma que as teorias datam “aproximadamente 35 mil 12, 19 e 15 mil anos”, em variados momentos. Contudo, a migração, segundo a autora “é tradicionalmente aceita a hipótese de uma migração terrestre vinda do nordeste da Ásia e se espraiando de norte a sul pelo continente americano, entre 14 e 12 mil anos”. O que sugere na interpretação da autora “a hipótese de uma migração única de população siberiana pelo interior da Beríngia”. Contudo, “A possibilidade de outras fontes populacionais e de rotas alternativas se somando à do interior da Beríngia não está, portanto, descartada” (idem, p. 10-11).

Quando e onde teve origem a presença humana, as teorias não são elucidativas, apenas fornece hipóteses, as quais possibilitam as mais variadas interpretações, tanto sobre o processo migratório, quanto as datas apontadas. “Há considerável controvérsia sobre as datas dessa migração e sobre ser ela ou não a única fonte de povoamento das Américas” (idem, p.10). O discurso ideológico vigente propõe uma interpretação equivocada da história das populações indígenas, como se houvesse um “congelamento” temporal. A autora citando Varnhargen, afirma: “somos tentados a pensar as sociedades indígenas de agora são a imagem do que foi o Brasil pré-cabralino”. Contudo, a autora recomenda o mínimo de prudência, quando diz: “A idéia de isolamento deve ser usada com cautela em qualquer hipótese, pois há contato mediatizado por objetos, machados, miçangas, capazes de percorrer imensa extensões mediante comercio e guerra e de gerarem uma dependência à distância” (p.12).

O isolamento enquanto tal e qual, nas condições acima apresentadas, não dispõem de embasamento teórico cientifico que fundamente alguma afirmação atualmente. Contudo, há uma percepção, em que o processo de aculturação tem promovido nas sociedades indígenas, que é “o fracionamento étnico”. Nesse fracionamento étnico propõe uma “homogeneização cultural”, que a autora considera como sendo uma “perda de diversidade cultural e acentuação das microdiferenças que definem a identidade étnica” (p. 13).

A homogeneização como resultado de um processo de aculturação das comunidades indígenas, produz algum benefício e se produz quem o beneficiado? As teorias dão conta de que em se tratando das comunidades indígenas, foram vitimadas no decorrer desse processo de aculturação, ou como sugere a autora, houve um “desaparecimento dos povos indígena” quando do “encontro de sociedades do Antigo e do Novo Mundo”. Nesse “encontro” aconteceu o que foi denominado de “morticínio”, em um “processo complexo cujos, agentes foram homens e micro-organismos e os motores últimos poderiam ser reduzidos a dois: ganancia e ambição”.

Não afirmar, mas minhas poucas leituras me autorizam expor que até o momento, não tinha encontrado, em outro autor, a expressão “ganância e ambição”, para afirmar que essas são as, “formas culturais da expansão do que se convencionou chamar o capitalismo mercantil” (p.14). Ao reforçar a tese acima, a autora cita Jennings (1975), quando afirma: “a América não foi descoberta, foi invadida” (p.18). Descoberta ou invadida, o que fica evidente nesse processo de aculturação é como afirmou a autora em linhas acima, quando fala de um “morticínio nunca visto” (p.14). E apesar de tanta desventura e sofrimento, dos quais as comunidades indígenas foram vítimas, no caso brasileiro, esses inicialmente, não retribuíram com a mesma moeda. A autora, ao citar (Marchant, 1980), “os índios foram, sobretudo parceiros comerciais dos europeus, trocando por foice, machados e facas o pau-brasil, para tintura de tecido e curiosidades exóticas, como papagaio e macacos, em feitorias costeiras” (p.18).

Como o índio foi inicialmente visto e interpretado? É oportuno não esquecer que a nossa história foi produzida e contada, sob o interesse da metrópole. E sob essa lógica imperial e colonialista, afirma a autora: “os índios foram apenas vítimas do sistema mundial, vítima de uma política e de práticas que lhes eram externas e que os destruíam”. O que significa dizer que, “essa visão, além de seu fundamento moral, tinha outro, teórico”: diz ela, “é que a história, movida pela metrópole, pelo capital, só teria nexo em seu epicentro”. E tudo se resume em: “A periferia do capital era também o lixo da história” (p.22).

Seja como for, o processo de aculturação das comunidades indígenas, apresentou múltipla facetas, dependendo da metodologia e abordagem, alguns autores tendem “romantizar ou demonizar” os indígenas. Como chegar a um ponto de equilíbrio, ao analisar tal processo? Ao tentar esclarecer essa aparente divergência, a autora propõe que a tese de serem os índios vítimas, pode ser facilmente contestada, ao afirmar: “A percepção de uma política e de uma consciência histórica em que os índios são sujeitos e não vítimas só é nova eventualmente para nós. Para os índios, ela parece costumeira” (p.24).

Significa, portanto, que sob esta tese, os índios não são vítimas, como defendem alguns, mas sim sujeito e atores de sua história (Dal poz, 1991), citado pela autora, afirma que “as sociedades indígenas pensaram o que lhes acontecia em seus próprios termos, reconstruíram uma história do mundo em que elas pesavam e em que suas escolhas tinham consequências”. E com essa consciência os índios elaboraram seus mitos, (Rose, 1988), citada pela autora, afirma: “os homens são criados do barro pelo inca, que os molda e assa. Os brancos são assados de menos, os negros assados demais e finalmente são feitos os índios, assados a contento” (p.25).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As teorias analisadas neste trabalho, em relação ao surgimento dos homens na América, apenas são hipotéticas, de que o homem não é originário da América. Em relação ao processo de aculturação das comunidades indígenas, em que pese o desagrado, as influências das instituições religiosas, católica e protestante, as quais atuaram tanto no plano material, quanto espiritual, tiveram consequências nefastas para as populações indígenas.

A não adaptação do indígena ao que Darcy Ribeiro (1993) denominou de “frente de expansão” transformou o indígena em um potencial inimigo, que “desde então o índio é hostilizado como um obstáculo” aos projetos de desenvolvimento do poder econômico. Se as condições de “penúria” estão relacionadas às escolhas dos indígenas, como foram apontadas por Cunha (2012), permanece a dúvida, em que momento “do encontro” das duas culturas, os indígenas realmente tiveram possibilidades de escolhas? Contudo, é notório que os indígenas, sempre foram resistentes aos chamados “projetos de desenvolvimento”, do poder econômico.

Os meios de comunicação, como a mídia eletrônica e em geral a imprensa escrita e falada, noticiam com frequência, o conflito entre os povos indígenas e o poder econômico chancelado pelo Governo Federal. Os casos mais recentes, dizem respeito de construções de usinas hidrelétrico na Amazônia. Sobre esta questão Valmir Parintintin, em um site declarou: “O governo até agora não chegou com nós comunicando o que vai acontecer com a hidrelétrica. O mercado, o supermercado do indígena é o rio” (http://www.survivalinternational.org). A declaração do Parintintin reitera, que os conflitos entre o “índio e o branco”, ainda não foram superados. E que o poder econômico legitimado e autorizado pelas políticas desenvolvimentistas e nefastas do Estado brasileiro sufoca e aniquilam as populações indígenas na Amazônia.

Apesar de Cunha (2012), defender que os indígenas são sujeitos de sua história pelo fato de terem escolhido ficar com o arco, ao invés da espingarda. Contudo, vale ressalvar que se trata de um mito criado pelos indígenas, para retratar, que o processo de dominação, se relaciona com ao processo de desenvolvimento do capitalismo industrial. Não encontramos nesta bibliografia, argumentos, que sustente tal condição. Existem fortes indícios de que nem sempre foi concedido aos indígenas, o direito de voz, quando o Estado brasileiro, seja no período colonial, imperial ou republicano quis impor as suas políticas e seus nefastos projetos.

Então é cabível indagar, quais e quando as comunidades indígenas foram consultadas ou convidadas para poder opinar sobre as consequências ecológicas e ambientais, quando o poder político e econômico impõe os seus desejos? Esta analise, nos permite pensar que, as classes socialmente excluídas, sejam: negras, camponeses, seringueiros e trabalhadores urbanos, foram e continua sendo tão vítima do processo de colonização e exploração, quanto aos povos indígenas em geral.

O que, quando e como devemos fazer para minimizar tais consequências e restituir – se isso possível, o mínimo de dignidade humana, a tais sociedades?

Autores:

ANTÔNIO CARDOSO DA SILVA

DANIELE SEVERO DA SILVA

 

REFERÊNCIA

CUNHA, Manuela Carneiro da. Índios no Brasil. História, Direitos e Cidadania, São Paulo, 2012, disponível em: http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/35025.pdf – claroenigma, acesso em 11/10/2016.

Disponível: http://www.survivalinternational.org/informacao/barragens-rio-madeira, acesso em 11/12/2016.

Disponível: https://www.dicio.com.br/mediatizar/acesso, em 10/12/2016.

FERREIRA, A.B.H. O minidicionário da língua portuguesa, 4ª edição revista e ampliada, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.

http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf, acesso em 30/08/2016.

MELATTI, J.C. Índio do Brasil (1938), 7ª edição, São Paulo, HUCITEC 1994, p.5-18.

RIBEIRO, Darcy. Os índios e a civilização: A integração das populações indígenas no Brasil moderno, 6ª edição, Editora Petrópolis, RJ, Vozes, 1993, p. 373-429.

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QUEM DESCOBRIU O BRASIL?

Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500
Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500

Temos ouvido, muitas vezes, que o navegador português Pedro Álvares Cabral, comandando uma frota de 13 navios altamente armados, composta por mais de 1.200 homens teria “descoberto” a costa brasileira na manhã de 22 de abril de 1500. Muitos livros didáticos, inclusive, tem apontado este acontecimento como o evento inaugural do “descobrimento” do território hoje chamado Brasil. No entanto, pesquisas recentes apontam que outro português, o navegador Duarte Pacheco Pereira, já havia estado na costa norte desta região em 1498, tendo percorrido o trecho que atualmente se conforma nos territórios pertencentes aos Estados do Amapá, Pará, Piauí e Maranhão, os quais integram parte do litoral norte e nordeste país. Por conta de seu caráter confidencial, durante muito tempo a expedição de Duarte Pacheco Ferreira foi ocultada das narrativas relacionadas ao chamado “descobrimento do Brasil”.
Outra teoria sugere que o evento denominado de “descobrimento”, na verdade, se constituiu como um “achamento”. A diferença entre os termos utilizados se dá pela seguinte maneira: enquanto uns, ao se utilizarem do termo “descobrimento”, defendem que a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil aconteceu por acaso outros, que se utilizam do termo “achamento”, defendem que a chegada de Cabral a este território foi intencional. Assim, os defensores da tese do “achamento” acreditam que a viagem de Cabral teve como um de seus objetivos o reconhecimento de uma extensão territorial de domínio português que já era de conhecimento da Coroa. Assim, a chegada de Cabral teria servido para oficializar a posse do território a leste da linha demarcatória do Tratado de Tordesilhas (1494).
Esses discursos relacionados à tese do “descobrimento do Brasil” têm sido largamente questionados por conta da inegável presença de outros grupos neste território. É bem verdade que muito tempo antes da chegada dos europeus, diversos povos indígenas já habitavam a região, desenvolvendo complexas organizações sociais, baseadas em culturais muito diferentes da europeia. O território que hoje constitui o Brasil não era de modo algum um vazio demográfico, ou seja, não era ausente de pessoas. Aliás, o discurso do vazio demográfico foi utilizado durante muito tempo para descaracterizar, deslegitimar e invisibilizar a existência dos primeiros habitantes do Brasil. As teorias sobre as ondas migratórias pelas quais os primeiros hominídeos chegaram a este território datam de, pelo menos, 45 mil anos. Sítios arqueológicos no nordeste do país dão conta de que os povos indígenas “descobriram” a região milhares de anos antes dos portugueses.

Primeira missão ao Brasil

Assim, a pergunta inicial que parecia de simples resposta, oculta uma série de outros questionamentos que são tão importantes quanto a própria resposta a esta pergunta. De todo modo, ela carrega em si uma intencionalidade que nos permite indagar sobre outros processos que não necessariamente implicam em saber quem descobriu o Brasil, mas, em considerar como as narrativas sobre este evento influenciam na forma como nós interpretamos a história contada. Assim, a resposta à pergunta “Quem descobriu o Brasil?” requer antes outra pergunta: Por quais razões saber quem descobriu o Brasil é importante para os estudos que conformam a narrativa sobre a História do Brasil?
É, também, sobre este ponto e a partir de questionamentos dessa natureza que podemos ampliar nossas considerações a respeito de uma possível resposta que considere todos os elementos presentes no processo da colonização no Brasil. Para além dessas questões, algumas outras podem se levantadas para dar conta dos fenômenos que resultaram naquilo que se denomina de “descobrimento”. Mas, em síntese, a historiografia oficial, a qual está presente em vários livros didáticos, acaba por tomar a viagem de Pedro Álvares Cabral como evento inaugural do “descobrimento” do Brasil. Este acontecimento foi importante, mas não o único, nem extraordinário.

Dica: Ao se deparar com esse tema no Vestibular, é importante levantar as seguintes questões: Quem está fazendo a pergunta? Baseada em quais informações? Por quais razões a pergunta está sendo feita? Também é preciso verificar quais opções de resposta estão disponíveis. Por fim, é fundamental não perder de vista as informações presentes na contextualização da pergunta. Em geral, é com base nos textos que antecedem as perguntas que se torna possível saber as razões pelas quais a pergunta esta sendo feita e conforme quais informações você deve respondê-la. Boa sorte!

Fernando Roque Fernandes
Doutorando em História Social da Amazônia
Universidade Federal do Pará – UFPA
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1923237260647754

 

De onde vieram os Índios e quais as suas origens?

Recentemente o Pirula do Canal do Pirula fez um vídeo falando um pouco sobre a chegada dos Índios nas américas e no Brasil, e comenta uma recente descoberta da revista Nature.
Sabe-se através de testes de DNA que os índios vieram dos países asiáticos.
Assista o vídeo e saiba mais sobre de onde vieram os índios e como eles chegaram até aqui.

Link do artigo da Nature:
http://www.nature.com.sci-hub.bz/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature19085.html

 

Rituais Indígenas

Uma grande parte dos rituais realizados pelos diversos grupos indígenas do Brasil pode ser classificada como ritos de passagem. Os ritos de passagem são as cerimônias que marcam a mudança de um indivíduo ou de um grupo de uma situação social para outra. Como exemplo, podemos citar aqueles relacionados à mudança das estações, aos ritos de iniciação, aos ritos matrimoniais, aos funerais e outros, como a gestação e o nascimento.

Ritual dos índios

Entre os Tupinambá – grupo indígena extinto que habitava a maior parte da faixa litorânea que ia da foz do rio Amazonas à ilha de Cananéia, no litoral paulista-, quando nascia uma criança do sexo masculino, o pai levantava-se do chão e cortava-lhe o umbigo com os dentes. A seguir, a criança era banhada no rio, após o que o pai lhe achatava o nariz com o polegar. Em seguida, a criança era colocada numa pequena rede, onde eram amarradas unhas de onça ou de uma determinada ave de rapina. Colocavam-se, ainda, penas da cauda e das asas dessa ave e, também, um pequeno arco e algumas flechas, para que a criança se tornasse valente e disposta a guerrear os inimigos.

O pai, durante três dias, não comia carne, peixe ou sal, alimentando-se apenas de certo tipo de farinha. Não fazia, também, nenhum trabalho até que o umbigo da criança caísse, para que ele, a mãe e a criança não tivessem cólicas. Três vezes por dia punha os pés no ventre da esposa. Nesses dias, o pai fazia pequenas arapucas e nelas fazia a tipóia de carregar a criança; tomava, também, o pequeno arco e as flechas e atirava sobre a tipóia, pescando-a depois com o anzol, como se fosse um peixe. Assim, no futuro, a criança caçaria ou pescaria. Quando o umbigo caía, o pai partia-o em pedacinhos e pregava-os em todos os pilares da oca, a fim de que o filho fosse, no futuro, um bom chefe de família. O pai também colocava aos pés da criança um molho de palha, que simbolizava os inimigos. Quando todas essas práticas tinham sido realizadas, a aldeia por inteiro se entregava às comemorações. Nesses dias, era escolhido um nome para o recém-nascido.

Rituais

Através desse rito de incorporação, o pai assumia a paternidade e se reconhecia ao recém-nascido, um lugar na sociedade Tupinambá, como homem ou mulher.

Cabe destacar que nesses rituais ligados à gestação e ao nascimento não só a criança, como também seus pais, eram submetidos ao ritual de passagem. O reconhecimento da gravidez da mulher punha o pai e a mãe num estado de cuidados especiais, separando-os, de certo modo, pela maneira de se comportar, dos demais habitantes da aldeia. Ficavam, assim, segregados até que a criança nascesse e os ritos de sua incorporação fossem realizados, momento em que eles eram reintegrados à vida normal, desempenhando um novo papel social: pai e mãe de um novo membro da sociedade.

Bibliografia
Melatti, Julio Cesar. Índios do Brasil. Hucitec, 1980.
Maestri, Mário. Os senhores do litoral. Editora da Universidade/UFRGS, 1994

PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA!

Dentro dos estudos arqueológicos desenvolvidos na América, o Brasil concede uma significativa contribuição proveniente de seus diversos sítios arqueológicos. Entre os estados que apresentam antigos vestígios da presença humana podemos destacar primeiramente os estados do Piauí, Minas Gerais e as regiões litorâneas do Centro-sul do país.

Em São Raimundo Nonato (PI), um grupo de arqueólogos liderados por Niède Guidon notificou a presença de facas, machados e fogueiras com cerca de 48 mil anos de existência. Entre as principais conclusões desses estudos, destaca-se a presença de comunidades coletivas que caçavam e utilizavam o fogo para protegerem-se e alimentarem-se.

Na região de Lagoa Santa (MG) é o local onde está registrado uma das mais notórias descobertas da arqueologia nacional. Foi ali que se achou o mais antigo fóssil das Américas. Trata-se do crânio feminino que existiu há cerca de 11.500 anos. Pesquisas desenvolvidas a partir desse fóssil (apelidado de Luzia) abriram portas para novas teorias sobre o processo de ocupação do continente. Os traços negróides de Luzia levantam a suspeita de uma onda migratória da Oceania, responsável pela ocupação do nosso continente.

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Próxima das regiões de rio e no litoral do Brasil existe outro conjunto de vestígios pré-históricos. Nestes lugares, montes de conchas e esqueletos de peixe conferem a existência de comunidades inteiras que sobreviviam da pesca. Também conhecidos como povos sambaquis, essas populações foram usualmente detectadas no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. No ano de 2001, o mais antigo sambaqui brasileiro foi encontrado em Vale do Ribeira (SP).

Nas regiões do interior do Brasil também são encontrados riquíssimos sítios arqueológicos. Os chamados “cemitérios dos índios” são, na verdade, vestígios de antigas civilizações do território brasileiro. Ali encontramos grandes aldeias que realizavam sofisticados rituais funerários. Datados com cerca de mil anos, esses povos possuíam uma cultura bastante diferente da dos sambaquis.

Ainda na região amazônica, temos relato sobre um outro conjunto de povos pré-históricos. Designados como integrantes da civilização marajoara, esses povos deixaram interessantes vestígios materiais. Dotados de uma arte ceramista ricamente detalhada, os marajoaras faz parte dos mais complexos grupos humanos que viveram em terras brasileiras.

 

Com o passar dos anos, as civilizações ameríndias foram desenvolvendo-se em território nacional. Espalhados em diferentes tribos, os índios brasileiros integraram uma parte mais recente da História das populações nativas do Brasil. A partir do século XV, a chegada dos europeus transformou radicalmente a situação dos índios. A intolerância religiosa e cultural, a violência e as epidemias foram responsáveis pela dizimação dos povos indígenas no país.

Assinado: Rainer Sousa, historiador.

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Arte Indígena: Pinturas, Cerâmicas e Plumagem

Neste artigo abordaremos algumas das mais conhecidas e artes indígenas. A arte indígena é parte da cultura Brasileira.

A cultura indígena possui características diferentes de grupos para grupos, fazendo com que cada grupo tenha uma arte particular e seja individual.
Apesar do individualismo visível entre os grupos, algumas características em comum são notadas, como a pintura corporal por exemplo.

 Pintura Corporal Indígena

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A pintura corporal utiliza tintas naturais, provindas de árvores e frutos. A mais utilizada é preparada através do jenipapo, uma fruta muito apreciada pelos índios. Ela é coletada ainda verde, retira-se então seu líquido, que quando entra em contato com a pele, transforma-se em uma tinta preta que pode durar até 2 semanas(durando no mínimo 1 semana).
A semente do urucum também é muito utilizada. Ela solta uma tinta avermelhada na pele, porém, existem outras maneiras de realizar a pintura corporal. Cada tribo possui um modo e uma técnica, há por exemplo, tribos que utilizam um tipo de tinta em crianças e outro tipo de tinta em adultos.

Os desenhos e as formas também possuem distinções, por exemplo, existem desenhos feitos para comemorações, outros para rituais…
A arte corporal com pintura é individual e única de cada grupo indígena, possuindo diversos significados e motivos pelo seu uso.

Arte com Penas e Plumas

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Os índios utilizam as penas e plumas de aves para fazer flexas, cocar, entre outros…
Os principais grupos indígenas que realizam esta arte, são: Xavante, Waurá, Juruna, Kaiapó, Tukano, Urubus-Kaapor, Asurini, Karajá.

As penas e plumas, quando coletadas, geralmente são tingidas.
Eles possuem significados e marcações, cada arte transmite uma mensagem, pode ser por exemplo: Sexo, idade, filiação, posição social…
A arte plumária é mais utilizada por homens, pois eles possuem um grau de importância maior do que o das mulheres em suas culturas.

Cerâmica

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O domínio da cerâmica é visto em muitas tribos. Eles a utilizam para criar vasos e recipientes, assim como esculturas, estátuas e instrumentos.
As cerâmicas muitas vezes são pintadas e utilizadas também para armazenar as cinzas dos mortos.
Estima-se a existência de 200 tribos que dominam esta arte, aprendida com seus antepassados.

Os Índios Brasileiros e as Tribos Indígenas do Brasil

Quando eramos pequenos e estávamos no jardim de infância ou ensino fundamental, aprendemos na escola algumas coisas sobre os costumes e tradições dos índios brasileiros. Geralmente este dia de conscientização e aprendizado era todo ano 19 de Abril, pois 19 de Abril é o dia do índio.
Aprendemos desde cedo que os índios brasileiros são os povos nativos do país, ou seja, eram os habitantes que aqui estavam quando Pedro Álvares Cabral chegou de Portugal para conquistar o Brasil.

A sua origem ainda é desconhecida. Existem algumas especulações que dizem que os índios tem origens Asiáticas, Mongoloides e até mesmo que eles são nativos daqui mesmo.

Dentre algumas das características dos povos indígenas brasileiros, algumas são:

  1. Boa parte deles possuem um Pajé. O Pajé é como um líder em uma aldeia. É ele quem realiza os rituais, transmite as tradições e culturas dos antepassados para as crianças e realiza ações como curandeiro.
  2. Os índios vivem praticamente da caça, pesca e plantio de frutas, verduras, legumes e mandioca.
  3. Os índios possuem língua própria. Ou seja, as línguas nativas deles não é o Português trazido por Pedro Álvares Cabral de Portugal.
  4. Dentre os acessório indígenas, alguns que ganham destaque são: Cocar, chocalhos, coquilhas, lanças, arco e flecha…
  5. Muitos grupos indígenas do Brasil andam nus e não utilizam vestimentas.
  6. Os índios se pintam com tintas e corantes naturais, coletados nas florestas brasileiras.
  7. Os índios constroem canoas para se transportarem nos rios e pescarem.
  8. Alguns grupos indígenas nunca entrarem em contato com a civilização e se mantém isolados. Alguns deles são nômades, ou seja, não moram em local fixo.
  9. A maior parte das tribos indígenas do Brasil vive na Amazônia.
  10. Os índios moram em casas compartilhadas, ou seja, a privacidade praticamente não existe em tribos indígenas.

Hoje é muito difícil encontrar civilizações indígenas que não possuem artigos ou objetos fruto de trocas do homem branco com o povo nativo.
É muito comum encontrar tribos com TV, computadores, óculos e diversos outros itens.

 

A lista de tribos indígenas do Brasil

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Os índios brasileiros não se limitam apenas a um grupo que fala apenas uma língua e possui apenas determinados costumes e tradições. Muito pelo contrário, existem diversos grupos e tribos indígenas, com costumes, tradições e línguas diferentes. Muitas delas nem mesmo se conhecem.

Veja algumas que foram listadas neste artigo:

  • Amawáka (Acre)
  • Arara (Acre)
  • Deni (Acre)
  • Nawa (Acre)

 

  • Karipuna (Amapá)
  • Palikur (Amapá)
  • Wayampi (Amapá)

 

  • Kambeba (Amazonas)
  • Jarawara (Amazonas)
  • Korubo (Amazonas)
  • Wanana (Amazonas)

 

  • Anambé (Pará)
  • Jaruna (Pará)
  • Kayapó (Pará)
  • Munduruku (Pará)

 

  • Arara (Rondônia)
  • Aruá (Rondônia)
  • Nambikwara (Rondônia)
  • Tupari (Rondônia)

 

  • Macuxi (Roraima)
  • Yanomami (Roraima)
  • Waiwai (Roraima)
  • Ingaricô (Roraima)

 

  • Apinaye (Tocantins)
  • Guarani (Tocantins)
  • Karaja (Tocantins)
  • Kraho (Tocantins)
  • Xerente (Tocantins)

Por que os índios não tem pelos e possuem cabelo liso?

Você sempre quis saber por que os índios não tem pelos e possuem cabelo liso? Esta é uma resposta que apenas a biologia pode lhe dar.
Os índio não tem pelos no corpo porque fazem parte da etnia dos mongoloides, ao qual uma das principais características é a falta de pelos.

Os índios brasileiros herdaram apenas esta característica dos antecedentes, os asiáticos, que também possuem muito pouco pelos pelo corpo.

Na realidade, pesquisadores detectaram que o hormônio responsável pela produção de pelos dos índios é muito fraco no corpo, porém, no couro cabeludo é extremamente forte. O resultado disto é um corpo “pelado” e pouquíssima queda capilar.

Índio sem pelos

Os índios possuem cabelos lisos, diferente dos negros que possuem cabelos crespos, devido a adaptação evolutiva do ambiente em que vivem.
Os negros são provenientes da África, local muito quente com o sol muito forte. Um ambiente com estes aspectos propiciou a vantagem naqueles que tinham um cabelo mais crespo, pois o cabelo crespo faz com que o ar circule melhor dentro de uma camada de mais ou menos 5cm entre o cabelo e o couro cabeludo, o que serve bem para uma proteção contra o calor. Eles também desenvolveram a melanina na pele, o que os protegem mais do forte sol africano.
O cabelo quando comprido, forma uma espécie de “capacete”, conhecido como “estilo black power”, fazendo com que o rosto fique mais protegido do sol.

O mesmo ocorre com os índios. Eles não possuem pelos porque não é necessário. O ambiente ao qual vivem é úmido e quente, são locais que chove praticamente todos os dias e possui muitas sombras de árvores.

Se você gostaria de entender melhor os detalhes da vida, estude evolucionismo de Darwin. Conhecer a seleção natural é algo que abrirá seus olhos sobre as características adaptativas dos seres vivos de acordo com o ambiente ao qual vivem!

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